Pastores dizem se casais evangélicos podem usar brinquedos sexuais

Foto: FreePix

No século 21, o sexo ainda é um tabu, inclusive no meio evangélico. Mesmo tendo sido criado por Deus para, além da procriação, proporcionar prazer e proteção ao casal unido pelo casamento, muitos o veem como uma prática pecaminosa e indecente.

A Palavra de Deus coloca o sexo como algo natural, uma bênção do Senhor para a intimidade do casal. Algumas questões, entretanto, ainda geram dúvidas. Uma delas diz respeito à utilização de brinquedos sexuais durante a prática.

A pastora Eristelia Bernardo não concorda com esse hábito. Para justificar, ela cita as palavras de Paulo: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”.

Para a líder religiosa, o uso de brinquedos sexuais foge do natural, daquilo que Deus criou para oferecer prazer ao casal. “Brinquedo é coisa de criança”, salienta e acrescenta: “No corpo da mulher e do homem já existem áreas que geram prazer. Então, é preciso criatividade, utilizar, por exemplo, os lábios, a boca, a língua, para que o casal tenha satisfação sexual”, afirma.

Eristelia alega, ainda, que os brinquedos sexuais levam a outras situações. Isso porque o casal pode, em determinado momento, ficar insatisfeito e buscar outros atrativos, como a pornografia e uma terceira pessoa para a relação. “Pode até não se concretizar, mas ficará na mente”, pontua a pastora da Igreja Casa do Pai, em Governador Valadares (MG).

Sem humilhação
Já o pastor Gilson Bifano considera que o sexo também é diversão. Por isso, “os brinquedos sexuais podem ser usados em um contexto de um casamento cristão, desde que não firam a sensibilidade da beleza do ato sexual entre o marido e a esposa, que não agridam a vontade do outro, que não sejam um meio de humilhação ou agressão física”, destaca.

Além disso, ele analisa que podem ser utilizados com moderação e sempre como uma “pitada” para embelezar ainda mais a relação conjugal. “Lembrando sempre do que está escrito em Hebreus 13.4, que diz: ‘Honrem o casamento e mantenham pura a união conjugal, pois Deus certamente julgará os impuros e os adúlteros’”, prega o pastor, que é líder do Oikos, Ministério Cristão de Apoio à Família.

O segredo para alcançar um bom nível de intimidade, segundo Bifano, é conversar, respeitar o outro, além de buscar sempre estar sensível à voz do Espírito Santo de Deus, que fala ao coração do marido e da esposa também nessa área. “Não fala somente quando o assunto é missões, evangelismo. Deus criou o sexo e está interessado em orientar os casais a viverem o que tem de melhor nessa área também, no contexto do casamento”.

Convivência amorosa
Dentro desse contexto, o teólogo e pastor Lourenço Stelio Rega lembra que a sexualidade é mais do que sexo, pois, na verdade, a vida sexual do casal deve ser resultado de convivência amorosa e partilhada. Caso contrário, será meramente uma junção física. Por isso, ele pergunta: “Como é a comunicação entre o casal? Há carinho e afeto no relacionamento diário? Os dois partilham de objetivos comuns? Vivem uma espécie de cumplicidade afetiva? Curtem um ao outro? Buscam dialogar sobre decisões da vida? Buscam ajustar as diferenças para que possam somar na história de vida dos dois?”, questiona.

De acordo com Lourenço, a satisfação no relacionamento sexual é resultado desse construir diário. “Fala-se muito em “DR” (discussão de relação), mas qualquer DR deve ser motivada por “DVC” (decidir viver construtivamente), pois, se o casal não souber administrar seus impulsos em uma DR, vai destruir o DVC, e a DR não vai funcionar”, explica e continua: “E, assim, a vida sexual desmorona também”, ressalta.

Lourenço expõe que a sexualidade na Bíblia envolve a satisfação do casal, mas também o respeito mútuo. Nesse sentido, marido e mulher devem compreender que a satisfação sexual mútua e sincera será um caminho para construir relacionamentos saudáveis. “É preciso evitar o uso da sexualidade como meio de barganha ou de repreensão em caso de algum conflito que necessita ser fruto de ajuste e diálogo”.

‘Sem adereços’
“O ato sexual entre marido e mulher, sendo bem-feito, não precisa de adereços”, afirma Ângela Sirino, sexóloga, pastora e psicanalista clínica, na ministração “Sexo Não é Pecado”, acrescenta que a utilização de brinquedos sexuais é perigosa, porque o casal ou um deles pode passar a gostar mais do objeto do que do prazer gerado pelo cônjuge.

Dessa maneira, ela recomenda trabalhar a sexualidade para alcançarem o prazer que desejam. E a Bíblia, diz Ângela, traz preciosas recomendações para os cônjuges.

Uma delas está em Cantares 4. 16: “Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que se derramem os seus aromas. Ah! Se viesse o meu amado para o seu jardim e comesse os seus frutos excelentes!”.

Ângela orienta a utilizar lingerie, saltos altos e colares, além de pétalas na cama e carícias. Ela é a favor de que a criatividade do casal seja colocada em prática, mas assegura que “todo conhecimento necessário para a prática sexual saudável está na Bíblia”.

Revista Comunhão- Por Patricia Scott

OUTRAS NOTÍCIAS